Como também já é habitual nestas colecções, para despertar o interesse do consumidor e leitor, a primeira distribuição traz dois volumes pelo preço de um: coube a "Forrest Gump", escrito por Winston Groom e editado originalmente em 1986, a honra de inaugurar Os livros do Cinema, que acabou por calhar também ao delirante "A Laranja Mecânica" ("A Clockwork Orange"), de Anthony Burgess, publicado pela primeira vez em 1962.
Já num "Argumento Adaptado" anterior tinha sido feita referência a "A Laranja Mecânica", na altura a propósito duma antologia de cinema dos anos 70, e é de facto esta obra que me suscita mais interesse:
«Alex, um adolescente de quinze anos, personagem deste romance, inicia com os seus três amigos, uma das suas peregrinações nocturnas com a agressão de um velho a quem rasgam os livros que leva e a quem despojam de vestuário e dinheiro.
Ou, de outro modo: Alex e os seus três drucos, atolchocam um veco estérrico, razesgam-lhe os livros, deixam-no nagoio, sem pleios, e crastam-lhe um malenque do seu denque...
Porque a confissão de Alex - tema deste romance - é feita em «nadescente», a linguagem dos adolescentes de um futuro não muito distante.» pág. 5
E é neste zigue-zaguear entre a história e o glossário no final do livro que as primeiras páginas se vão devorando. Mas à medida que a leitura vai avançando, a gíria e o calão vão-se tornando familiares, ao ponto de acharmos estranho a utilização de palavras como "velho" ou "dinheiro"...

O resultado é uma experiência alucinante que fica como um dos grandes filmes da minha vida, que me mostrava ser impossível viajar ao mundo de Stanley Kubrick sem que este nos afectasse, para o bem ou para o mal.
Sem comentários:
Enviar um comentário