Vamos no entanto hoje destacar aqui as palavras de Jorge Silva Melo, relembrando que a Feira só agora entrou na 2ª semana, e que foi prolongada por mais 4 dias, permitindo ao Parque receber os livros e as pessoas que neles viajam até dia feriado de 10 de Junho.
«Eu só gosto do Parque Eduardo VII em Maio, nunca lá vou noutra altura. Mas gosto de subir e de descer, sobretudo ao sábado e ao domingo, com gente que nunca vi nas livrarias, gente que mexe em livros, dicionários tantas vezes, livros do dia, livros mais baratos, gente, tanta gente, fico sempre com a sensação que há pessoas, que os livros servem as pessoas, que os editores são gente honesta que quer um mundo melhor, gosto de coleccionar os catálogos, de marcar com cruzinha os livros a comprar, de nem sequer comprar esses mas outros que me aparecem, esquecidos, de encontrar livros insuspeitos que nem sabia estarem editados, gosto de pedir autógrafos, há muitos anos foi lá que falei com a Maria Judite de Carvalho e lhe disse quanto a admirava, gosto de ver os escritores sentados, gosto dos altifalantes a anunciarem escritores e descontos, gosto das farturas que ainda o ano passado engorduraram um livro de poesia acabadinho de comprar e até carote, não me tirem a rua dos livros ao sol, não me fechem a Feira do Livro, deixem-me, uma vez por ano, passear pelo Parque Eduardo VII de todos os jacarandás, ao cair da noite, pela fresca, deixem-me encontrar os amigos, são cada vez menos!, deixem-me queixar-me de já não ter dinheiro, nem espaço em casa para mais papelada, deixem-me voltar para casa com quilos de sacos, deixem-me a minha Feira do Livro onde ela é, é onde todos os anos eu respiro um mundo que talvez fosse maior, com mais gente, mais livros, histórias, poesias, gente a subir e a descer aos sábados à tarde, com tanto calor. E um dia gostava de filmar, porque não filmar a descoberta do amor entre um rapaz de uma barraquinha de livros em segunda mão e uma jovem escritora neurasténica, rapariga loira com as suas singularidades. Ou vice-versa, em Maio, no Parque Eduardo VII.»
Boas viagens, boas leituras :)
destaque para o recente "
«Na primeira parte desta edição apresentamos duas entrevistas concedidas por Alexandre O’Neill aos jornalistas Adelino Gomes e Joaquim Furtado, em 1983, transmitidas no programa semanal «Ler para Crer», patrocinado pelo Instituto Português do Livro, na Onda Média da Rádio Comercial, além duma conversa gravada em casa do Poeta, em 1986, que deveria constar de uma Antologia da sua obra poética que então organizávamos, num projecto entretanto interrompido. Guardadas até agora em registos magnéticos pessoais, fixámos os respectivos textos e anotámo-los de modo a contextualizar as afirmações de Alexandre O’Neill e a tornar tão abrangente quanto possível a sua leitura.
«Levar uma pancada na cabeça não é nada. Ser drogado duas vezes seguidas na mesma noite é desagradável mas vá lá... Mas sair para apanhar ar e acordar num quarto desconhecido com uma mulher, os dois com a roupa de Adão e Eva, isso é que já é um bocado forte de mais. Quanto ao que me aconteceu a seguir...» isso só indo ao stand 103, da
No stand 87, da
Duarte Belo (texto) e Jorge P. Pires (fotografias), autores do livro "Alento - Danças Ocultas", estarão junto aos pavilhões 68 e 69 da Assírio & Alvim a partir das 18h30 para uma sessão de autógrafos. O livro estará a livro do dia no pavilhão 69.
«Essa gente não podia ele sacudir. Essa gente era a razão de ele ter trabalho, a razão de a sua fábrica — a Neukölln Kupplungs Unternehmen, manufactura de atrelagens para comboios — trabalhar em pleno, a razão de ele ter já encomendado a um arquitecto o projecto das ampliações. Era um Förderndes Mitglied, um membro patrocinador das SS, o que significava que lhe era dado o gosto de levar homens de uniforme negro a conhecer a vida nocturna berlinense e eles se encarregavam de lhe arranjar trabalho. Nada que se comparasse a ser um Freunde der Reichsführer‑SS, mas trazia as suas vantagens para o negócio ... e, como estava agora a perceber, as suas obrigações.»
Em "Bom Dia Camaradas" ouve-se assim:
António Jorge Gonçalves e Nuno Artur Silva estarão hoje nos stands da
«Tomei o comboio na estação de Castanheira, depois que o Calhau deixou de abraçar. Foi ele que me trouxe no carro de bois de D. Estefânia, em cuja casa, como se sabe, me talharam o destino. Minha mãe veio ainda à igreja, pela madrugada, ver-me partir; mas sentindo-me tão distante como se eu fosse preso, como se eu já pertencesse a um mundo que não era o seu - mal me falou.»
Depois de ter inaugurado no início do mês uma nova página na internet, que continua disponível em
Arranha-Céus, de Jacinto Lucas Pires, da Cotovia, 1ª edição (1999), 120 pág., pvp: €9,98
"O Amor de Longe" ("L'amour de loin"), de Amin Maalouf (trad. António Pescada), Difel 2003 (Éditions Grasset & Fasquelle, 2001), 1ª edição, 88 pág., pvp.: €8


