quarta-feira, julho 30, 2008

Dennis is back



para folhear aqui.

terça-feira, julho 15, 2008

Zapping: Bibliolândia

sexta-feira, julho 11, 2008

Há desemprego e tal...

Precisamos de contratar uma pessoa para a livraria, para o lugar de uma colega que vai sair. Metade das pessoas que foram contactadas (após terem deixado o currículo ao balcão ou enviado por mail) disseram que não podiam, ainda antes de ouvirem as condições (salário, horário, responsabilidades, etc.).

Porquê? Porque vão de férias.

terça-feira, julho 08, 2008

Uma barra de sabão e a felicidade

Nota no final do livro O Caminho para a Felicidade, de L.Ron Hubbard, editado pela Magnólia:

«Talvez este seja o primeiro código moral não-religioso que é totalmente baseado no senso comum. Foi escrito por L. Ron Hubbard como uma obra individual e não faz parte de qualquer doutrina religiosa. Qualquer reimpressão ou distribuição individual deste livro não significa uma ligação ou o patrocínio de qualquer organização religiosa. É, por isso mesmo, admissível que departamentos governamentais e funcionários do governo distribuam esta publicação como uma actividade não-religiosa.»

Autor do célebre Dianética e de muitos outros livros, L. Ron Hubbard foi também o fundador da Igreja da Cientologia. Os seus textos têm tido utilizações bastante variadas, inclusivamente pelo governo dos EUA, que no entanto está impedido, pela Constituição, de impôr ou promover uma religião aos seus cidadãos.

Para evitar confusões (e processos nos tribunais), este livro é publicado com uma nota (traduzida da edição original), a avisar que o seu conteúdo não está relacionado com os mandamentos cientológicos que o seu autor também criou. Como a Constituição Portuguesa também diz que «As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado», esta observação final permite que o Estado português possa utilizar os ensinamentos de Ron Hubbard para nos ajudar a alcançar a felicidade.

A ministra da Educação poderá dar uma aula de História do século XX e citar a seguinte passagem:
«foram necessárias revoluções violentas para lidar com eles ou uma Segunda Guerra Mundial para nos livrarmos de um Hitler, e esses foram acontecimentos muito infelizes para a Humanidade. Esses não aprenderam. Eles deleitavam-se com dados falsos. Recusaram todas as evidências e as verdades. Tiveram de ser eliminados.» (pág. 134)

E porque não sugerir ao ministro Manuel Pinho que realize uma série de conferências nas fábricas desse país fora para levantar a moral?
«Salvaguarde e melhore o seu ambiente. Mantenha uma boa aparência.
Por vezes não ocorre a alguns indivíduos - visto que não têm de passar o dia a olhar para si mesmos - que eles fazem parte do cenário e da aparência dos outros. E alguns não compreendem que são julgados pelos outros com base na sua aparência.
Embora as roupas possam ser caras, o sabão e outros utensílios de cuidado pessoal não são difíceis de arranjar. As técnicas são por vezes difíceis de encontrar, mas podem ser desenvolvidas. (...)
Ao fazer exercício ou trabalhar, a pessoa pode ficar bastante suja. Mas isso não a impede de se lavar e limpar. E alguns operários ingleses e europeus, por exemplo, conseguem manter uma certa classe na aparência, mesmo quando trabalham.» (págs. 75 e 76)

Sejam felizes, sim?

segunda-feira, julho 07, 2008

Zapping: Caderno

Onde se pode encontrar livros pelo chão



e onde também há manifestos para uma vida sem bolicaos



«Pior ainda é quando as crianças que têm hábitos mais saudáveis como comer vegetais em todas as refeições, beber leite sem nada acrescentado e saber que os doces são para dias especiais, são vistas pelos adultos como pobres desgraçadinhas por lhes estar a ser negado o melhor da vida. Não está.»

quinta-feira, julho 03, 2008

E Cardoso Pires ao lado da Imogen, não?

Desde a criação da Edições Nelson de Matos, no início de 2008, que o seu editor tem feito ouvir a sua voz em relação às editoras que publicam para o lucro, sem critério editorial, publicando «porque o autor tem um programa de televisão, é jornalista, é político, é tudo menos escritor». Na sua opinião, «o que se tem de fazer é não misturar as águas, não enganar os leitores. Trabalhar com cuidado e seriedade. Não se pode, por exemplo, publicar a Carolina Salgado ao lado de José Cardoso Pires.»

Estes são dois excertos da entrevista que Nelson de Matos deu ao Sexta, em Abril, que podem ser lidos aqui. Mas que estão perfeitamente actuais.

Anuncia-se agora a publicação do novo livro de Manuel Alegre, Sete Partidas, depois de também já ter saído um livro de contos de Pepetela. Acho muito bem. Principalmente porque reflecte a qualidade do trabalho editorial. Por isso, vamos fazer um pequeno exercício e deixar que os leitores deste blog tentem adivinhar qual das seguintes passagens pertence a José Cardoso Pires (e ao livro Lavagante, encontro desabitado) e a Imogen Lloyd Webber (e ao livro Guia para Meninas Solteiras, Conselhos para miúdas sexy e independentes), dois livros que ficam muito bem lado a lado:



«Digo que Cecília é um punhado de instantes luminosos, dispersos no tempo e arrastados pela voz de um companheiro que a evoca. Mas (interrogo-me) em que medida esses instantes não foram mais do que "o strip-tease intelectual das jovens independentes" (frase de Daniel) e em que medida ele próprio não soube resistir à curiosidade que há em todo o amador e em particular no amador de mulheres?»

«Há outro tipo de amigalhaço que também é fundamental - o Namorado Platónico, um amigo homem que não beijas mas com quem tens um pouco de tensão sexual, e que é possível que desapareça se te envolveres numa relação a sério. Eu adoro Namorados Platónicos. São muito úteis já que tratarão da tua bricolagem e correrão atrás de ti de um modo que nunca fariam se dormisses com eles.»

Há que compreender que, e ainda nas palavras de Nelson de Matos, «Hoje os editores nem sequer lêem os textos». Valha-nos os que lêem.

Camus, o futebol e a vida

«Em 1930, Albert Camus era o São Pedro que guardava os portões da baliza da equipa da Universidade de Argel. Tinha-se acostumado a jogar como guarda-redes desde criança, porque esse era o posto em que menos se gastavam os sapatos. Filho de casa pobre, Camus não podia dar-se ao luxo de correr pelos campos de jogo: todas as noites, a avó fazia uma inspecção às solas dos seus sapatos e dava-lhe uma tareia se as visse gastas.
Durante os seus anos de guarda-redes, Camus aprendeu muitas coisas:
- Aprendi que a bola nunca vem até nós por onde a esperamos. Isso ajudou-me durante a vida, sobretudo nas grandes cidades, onde as pessoas não costumam ser proprimente rectas.
Também aprendeu a ganhar sem se sentir um Deus e a perder sem se sentir lixo, difíceis sabedorias, e aprendeu alguns dos mistérios da alma humana, em cujos labirintos soube penetrar depois, numa perigosa viagem, ao longo da sua obra.»

Camus, do livro Futebol: sol e sombra, de Eduardo Galeano, editado pela Livros de Areia, 2006. edição original: El futbol a sol y sombra (1995)

quarta-feira, julho 02, 2008

Blanchot, Musil e a crítica

«Receio que a obra de Robert Musil, hoje acessível aos leitores franceses graças aos esforços de um tradutor corajoso, seja elogiada de olhos fechados. Receio igualmente o contrário: que seja mais comentada do que lida, pois oferece aos críticos, graças ao seu invulgar desígnio, às suas qualidades contraditórias, às dificuldades da sua realização e à profundidade do seu malogro, tudo aquilo que os atrai, tão próxima do comentário que muitas vezes parece ter sido comentada, mais do que escrita, e poder ser criticada em vez de lida. Com que maravilhosos problemas, insolúveis, inesgotáveis, esta grandiosa tentativa nos deleita! E a que ponto nos pode agradar, tanto pelos seus defeitos de primeiro grau como pelo refinamento das suas qualidades, pelo que tem de excessivo e, nesse excesso, de contido, e finalmente pelo seu fracasso imponente. Mais uma obra imensa e inacabada e inacabável. Mais uma vez a surpresa de um monumento admiravelmente em ruínas.»

excerto de O Livro por Vir, de Maurice Blanchot, Relógio d'Água, 2001, pág.145. edição original: Le Livre a Venir (1959).

terça-feira, julho 01, 2008

Um cisne altamente risível

Agora que se fala tanto de booktrailers e da (boa) qualidade das revisões, aqui fica uma prenda do pessoal do pilha-livros.

O CISNE NEGRO ou O Impacto do Altamente Improvável


O booktrailer propriamente dito pode ser visto aqui.