Ensaios Facetos, de Abel Barros Baptista, Livros Cotovia, Ensaio, 148 pp., preço de capa: 12,00 Euros
Em sentido muito lato, chama-se faceto ao que não é sério: um ensaio pode ser faceto sem nada perder de essencial? Sendo análise, averiguação, exame, indagação, procura, o ensaio ganha se além disso for brincalhão ou galhofeiro, gozador ou jocoso, pilhérico ou zombeteiro?
Os textos que compõem este livro acreditam no ensaio genuinamente faceto e, em modalidades diversas, ilustram a possibilidade de o estruturar segundo um princípio de galhofa. A defesa do sentido de humor é hoje uma trivialidade. Mas hoje também, uma batalha provavelmente perdida: a “opinião”, que se basta em ser plausível, prefere o sisudo e aliás confunde-o com profundidade. O humor então prejudica, porque divide, corrói evidências, sugere alternativas, abala familiaridades. Daí que o ensaio, algumas vezes, só se torne ensaio por meio de facécia.
Abel Barros Baptista nasceu em 1955. Professor da Universidade Nova de Lisboa, publicou diversos ensaios literários (entre os mais recentes: Autobibliografias, 1998, Grande Prémio de Ensaio Literário da APE, A Infelicidade pela Bibliografia, 2001 e Coligação de Avulsos, 2003). Organizou o volume A Cidade e as Serras. Uma Revisão (2002). É director-adjunto da revista Colóquio/Letras. Publicou, com Gustavo Rubim, o romance Importa-se de me emprestar o barroco? (2003).
O Vôo da Madrugada, de Sérgio Sant’Anna, Livros Cotovia, Ficção Brasileira, 240 pp., preço de capa: 14,00 Euros
Sérgio Sant’Anna nasceu no Rio de Janeiro em 1941. É autor de, entre outros livros: O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro, Junk-Box, A senhorita Simpson, Breve história do espírito, O monstro, e Um crime delicado. Foi distinguido com três prémios Jabuti. O Vôo da Madrugada (publicado no Brasil em Setembro de 2003) recebeu o prémio de conto da Associação de Críticos de Arte de São Paulo e é o livro que inaugura a edição em Portugal deste autor.
Notória na obra de Sérgio Sant’Anna, a experimentação formal apresenta-se aqui na tentativa de realizar um conto abstracto, na exploração de temas obscuros, no impulso criativo depois de um internamento hospitalar ou na esperança de uma personagem – o Gorila – em encontrar estratégias inusuais, e incompreendidas, de comunicação e consolo. A solidão persegue as personagens destes contos de forma desesperada, a ponto de fazê-las pensar em pôr termo à existência; essa obsessão pelo desfecho da vida associa-se a uma forte carga erótica.
Os contornos inovadores desta escrita são dados pela oscilação entre a voz do narrador e do próprio escritor, como acontece nas belas invocações da memória do autor ou nos três magníficos contos finais, em que ficção e ensaio se conjugam para especular sobre o papel do olhar na representação da nudez da mulher na pintura, defendendo uma arte ligada de forma íntima à vida.
textos de promoção aos livros, divulgados pela Livros Cotovia
«Para um homem da sua idade, cinquenta e dois anos, tem resolvido bastante bem, segundo ele, o problema do sexo. Nas tardes de quinta-feira vai de carro até Green Point. Pontualmente, às duas da tarde, carrega na campainha da entrada para a Windsor Mansions, diz o nome e entra. À sua espera, à porta do 113, está Soraya. Dirige-se directamente para o quarto, que tem um cheiro agradável e uma iluminação suave, e despe-se. Soraya da casa de banho, deixa cair o robe e, deslizante, deita-se na cama a seu lado. - Tiveste saudades minhas? - pergunta ela. - Tenho sempre saudades tuas - responde ele. Acaricia-lhe o corpo cor de mel no qual o sol
não deixou marca; estende-a e beija-lhe os seios; fazem amor.»
Count Vlad, Bram Stoker e Henry Irving
ponto de ponto de ter dado ao seu filho o nome de Irving Noel Stoker. Dracula, nesta linha de raciocínio, é uma miscelânea de transferência homoerótica.
Também Lars Saabye Christensen falou ao Mil Folhas desta semana, num
"Escrevo para não me meter nos copos, para não dar em doido", ou de como Rui Araújo reagiu à sua saída da RTP, após 4 anos na "prateleira". Este é já o seu segundo livro, segunda incursão nos meandros do romance policial.
Há uns tempos atrás falámos aqui do livro "
«Mas não gosto muito de escrever, não sinto prazer. Tenho mais facilidade em encontrar os erros dos outros do que meus. Tenho de corrigir dez mil vezes cada página. Em voz alta, para perceber a musicalidade.
"Ma Yan tem catorze anos e vive na província de Ningxia, no noroeste da China. Filha de camponeses pobres, sabe desde cedo que a espera uma vida difícil. Porém, quando se apercebe de que os pais não têm meios para a manter na escola, todos os seus sonhos se esfumam.
Vejamos as coisas por este prisma:
O novo livro de José Saramago já chegou às livrarias e delas tem vindo a sair a grande velocidade. O Nobel da literatura português é hoje, mais que nunca, um impressionante fenómeno de vendas, e este Ensaio sobre a Lucidez (
O Grande Peixe (Big Fish: A Novel of Mythic Proportions), de Daniel Wallace (trad. Ana Falcão Bastos), da Temas e Debates, Março 2004 (1ª edição; ed. original: 1998), 175 págs., pvp: 15,95€