quinta-feira, abril 29, 2004

A Livros Cotovia anuncia: ENSAIOS FACETOS e O VÔO DA MADRUGADA

Ensaios Facetos, de Abel Barros Baptista, Livros Cotovia, Ensaio, 148 pp., preço de capa: 12,00 Euros

Em sentido muito lato, chama-se faceto ao que não é sério: um ensaio pode ser faceto sem nada perder de essencial? Sendo análise, averiguação, exame, indagação, procura, o ensaio ganha se além disso for brincalhão ou galhofeiro, gozador ou jocoso, pilhérico ou zombeteiro?

Os textos que compõem este livro acreditam no ensaio genuinamente faceto e, em modalidades diversas, ilustram a possibilidade de o estruturar segundo um princípio de galhofa. A defesa do sentido de humor é hoje uma trivialidade. Mas hoje também, uma batalha provavelmente perdida: a “opinião”, que se basta em ser plausível, prefere o sisudo e aliás confunde-o com profundidade. O humor então prejudica, porque divide, corrói evidências, sugere alternativas, abala familiaridades. Daí que o ensaio, algumas vezes, só se torne ensaio por meio de facécia.

Abel Barros Baptista nasceu em 1955. Professor da Universidade Nova de Lisboa, publicou diversos ensaios literários (entre os mais recentes: Autobibliografias, 1998, Grande Prémio de Ensaio Literário da APE, A Infelicidade pela Bibliografia, 2001 e Coligação de Avulsos, 2003). Organizou o volume A Cidade e as Serras. Uma Revisão (2002). É director-adjunto da revista Colóquio/Letras. Publicou, com Gustavo Rubim, o romance Importa-se de me emprestar o barroco? (2003).


O Vôo da Madrugada, de Sérgio Sant’Anna, Livros Cotovia, Ficção Brasileira, 240 pp., preço de capa: 14,00 Euros

Sérgio Sant’Anna nasceu no Rio de Janeiro em 1941. É autor de, entre outros livros: O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro, Junk-Box, A senhorita Simpson, Breve história do espírito, O monstro, e Um crime delicado. Foi distinguido com três prémios Jabuti. O Vôo da Madrugada (publicado no Brasil em Setembro de 2003) recebeu o prémio de conto da Associação de Críticos de Arte de São Paulo e é o livro que inaugura a edição em Portugal deste autor.

Notória na obra de Sérgio Sant’Anna, a experimentação formal apresenta-se aqui na tentativa de realizar um conto abstracto, na exploração de temas obscuros, no impulso criativo depois de um internamento hospitalar ou na esperança de uma personagem – o Gorila – em encontrar estratégias inusuais, e incompreendidas, de comunicação e consolo. A solidão persegue as personagens destes contos de forma desesperada, a ponto de fazê-las pensar em pôr termo à existência; essa obsessão pelo desfecho da vida associa-se a uma forte carga erótica.

Os contornos inovadores desta escrita são dados pela oscilação entre a voz do narrador e do próprio escritor, como acontece nas belas invocações da memória do autor ou nos três magníficos contos finais, em que ficção e ensaio se conjugam para especular sobre o papel do olhar na representação da nudez da mulher na pintura, defendendo uma arte ligada de forma íntima à vida.


textos de promoção aos livros, divulgados pela Livros Cotovia

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