Herman é o livro e Herman é o rapaz que se vai sentir diferente, que vai sentir quão difícil é ser-se diferente quando se é criança. Afinal, de quantas maneiras se pode esconder que o nosso cabelo está a cair?
Recentemente traduzido para português (directamente do norueguês) por Inga Gullander, para a editora Cavalo de Ferro, este livro foi originalmente publicado em 1988 e já ganhou vários prémios na Suécia e noutros países nórdicos.
«Agora Herman vê a coisa que se mexe no chão. É um cágado.
- Não tenhas medo. Chama-se Tempo.
(...)
Herman dá mais uns passos para aproximar-se e examina de perto o cabelo de Panten. O cabelo de Panten cresce em todas as direcções e é forte como barbante.
- Tu bebes muita cerveja - diz Herman.
Sério, Panten acena que sim.
- Quase tenho o recorde mundial. Se me dessem a cerveja de que preciso.
Abre mais uma garrafa que acaba da mesma maneira. Herman pensa que quase pode ver o cabelo crescer. O cágado deixa ver a sua cabeça durante um instante e depois retira-a de novo. Panten arrota alto e prolongadamente.
- Eu fico cego na neve - diz. - Não posso sair no Inverno.
- Eu posso ir comprar cerveja para ti - diz Herman imediatamente.
Panten faz um grande sorriso, e não tem nem um único dente para mostrar.
- Assim fala um bom rapaz! Afinal talvez haja um novo recorde mundial este ano. Mas lembra-te de pedir uma folha de alface. Para o Tempo.» pág. 98, 99
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Herman, de Lars Saabye Christensen (trad. Inga Gullander), da Cavalo de Ferro, 1ª edição (Fevereiro 2004), 199 pág., pvp: €15,20
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Adaptado ao cinema por Erik Gustavson, o filme viria a surgir 2 anos depois da publicação do livro, com Anders Danielsen Lie (nascido no dia de Ano Novo de 1979) a interpretar a personagem principal.
Erik Gustavson tinha-se estreado como realizador em 1986, mas foi Herman que lhe deu maior reconhecimento na Noruega, filme que viria a ganhar 2 prémios Amanda, para melhor filme e melhor argumento. 3 anos mais tarde viria a adaptar um outro livro ao cinema, Telegrafisten, do também escritor norueguês Knut Hamsun.
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