À minha fome de poesia, de sorrisos tristes, responde Maria do Rosário Pedreira com um novo livro. Nenhum comentário a fazer, apenas as suas palavras.
Nada mudou. Ao fim de tantos anos, o meu
passado é ainda o mesmo passado - nenhum
rosto diferente para desviar o rio da memória,
nenhum nome depois. (...) pág.62
Nenhum Nome Depois, de Maria do Rosário Pedreira, da Gótica, Fevereiro de 2004 (1º ed.), 74 pág., pvp: €11
Nunca soube o teu nome. Entraste numa tarde,
por engano, a perguntar se eu era outra pessoa -
um sol que de repente acrescentava cal aos muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do mundo.
Não te menti; levantei-me e fui levar-te à porta certa
como um veleiro arrasta os sonhos para o mar; mas,
antes de te deixar, disse-te ainda que nessa tarde
bem teria gostado de chamar-me outra coisa - ou
de ser gato, para poder ter mais do que uma vida. pág.13
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