sexta-feira, fevereiro 13, 2004

A TUA CARA NÃO ME É ESTRANHA - Helder Moura Pereira

Chegou-me hoje às mãos o mais recente livro de Helder Moura Pereira, se bem que traga data de edição de Novembro último. Mas a “espera” valeu a pena.
A arte de cativar começa logo pelo título. A tua cara não me é estranha, diz ele, o livro, que logo a seguir diz assim, como numa conversa informal:

«As coisas passaram-se assim: meu avô
teve um desgosto de amor, quis matar-se.
Atirou-se do Castelo de S. Filipe
mas não se matou, ficou ali, primeiro
a gemer e depois inconsciente, julgava
que tinha morrido. Um pastor de ovelhas
encontrou-o e levou-o para o hospital.
No hospital o meu avô percebeu
que não tinha morrido, a irmã da regente
interessou-se por ele e casaram.
Do casamento nasceram três filhos,
meu pai foi um deles. Sou portanto neto
do acaso e o acaso é o meu pai.»

Pois é, parece que já te vi nalgum lado... Não tou é a ver bem onde... Talvez na bola... Ou num livro da Emily Dickinson.

«(...)
Dizer que descrevo a lareira apagada
e que há um círculo quadrado na minha geometria
não pode interessar à verdadeira poesia.»

Não sei se interessa ou não, mas como se diz por estes dias, eu hoje vou ler (e devorá-lo no fim-de-semana) «A tua cara não me é estranha», que a Assírio & Alvim teve a gentileza de trazer até nós, com a preciosa colaboração de Helder Moura Pereira.

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