"Mas ele, Howard, homem clarividente,
Com a sua doutrina ensinou toda a gente.
O que o céu não retém e o sentido não vê,
Ele primeiro o fixa, e enfim o lê;
Dá forma ao informe, seu domínio estreita,
Com o nome certo - honra lhe seja feita! -
A nuvem sobe, adensa, esgarça, desce,
E o mundo pensa em ti e agradece."
Pág. 80
Como uma reunião de textos que é, este livro separa-se em várias partes. Na primeira, deveras interessante, estão os textos em que Goethe se debruçou sobre a classificação das nuvens, e teorias sobre as suas transformações. No final deste texto damos por nós, inconscientemente a olhar para o céu e a pensar "será stratus? será cirrus?" Quando o nosso entusiasmo está no auge, entramos num entediante díario de formas de nuvens, que custa imenso a passar. Quando estamos à beira de desisitir, somos presenteados com deliciosas poesias.
O Jogo das Nuvens, Johann Wolfgang Goethe, selecção tradução, prefácio e notas de João Barrento, Assírio & Alvim, 2003, 108 páginas
"Se a região superior, com a sua energia dissecante, capaz de absorver e dissolver em si a água, vence a disputa, estas massas concentradas dissolvem-se e desfiam-se nas pontas superiores, elevam-se em flocos e nós vemo-las como cirrus que acabam por desaparecer no espaço infinito. Mas se for a região inferior a vencer, a zona mais propícia a atrair a si a mais densa humidade e a mostrá-la em gotas sensíveis, então a base horizontal do cumulus desce, a nuvem alarga-se e forma um stratus, fica parada ou anda, alternadamente, e acaba por cair na terra sob a forma de chuva, fenómeno que, conjuntamente com o anterior, recebe o nome de nimbus." pág. 75
Este é um livro que certamente agradará a quem estiver realmente interessado em saber mais sobre os jogos que as nuvens brincam por cima das nossas cabeças. Para os meros curiosos, saltem as partes que não interessam!
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