"O Mar, A Mãe pode ser considerado como o "negativo" do romance anterior da autora, O Nascimento dos Fantasmas, no qual um marido desaparece quando sai para comprar pão. Se nesse texto a descrição se ocupa das emoções da mulher face a essa ausência inesperada, no presente livro é o próprio desaparecimento que invade todos os limites da narrativa, consagrando-se como figura de primeiro plano."
Quando li estas palavras, e como já tinha lido "O Nascimento dos Fantasmas", pensei: "olha, até que é uma boa ideia". Má ideia foi ter comprado o livro.
A acção decorre num extrema confusão, sem um fio condutor. O aparecimento dos personagens surgem sem qualquer introdução, e como não há diálogos, lemos as primeiras linhas de cada parágrafo a tentar adivinhar quem está a pensar o quê. Durante todo o livro não nos é dado a conhecer o estado de espírito e os sentimentos da personagem principal (a desaparecida), e terminamos o livro sem perceber o porquê desta fuga. Igualmente mal explorados são os outros dois personagens principais (a filha da desaparecida e o detective), que teriam muito a dizer ao verem-se inseridos nesta história. A escritora limita-se a descrever o que as personagens veêm, e as pessoas que conhecem, mas a desorganização da escrita é incómoda e, por vezes, irritante.
Se alguém quiser pegar na ideia desta história (que ainda me parece boa), tente ser um bocadinho mais exigente consigo próprio.
"O Mar, A Mãe", de Marie Darieussecq (tradução de Maria do Rosário Mendes), 1ª Edição (2001), Edições Asa, 95 págs., pvp: 2.50€
1 comentário:
Em esforço, acabei de ler o livro. Como vc diz, sem se perceber o porquê daquela fuga, totalmente vazia de emoções.... nem um vislumbre sequer do sentir de alma dos personagens. Antes ocorresse à autora o Mito de Sífisio...
Algumas imagens descontruídas da autora, interessantes, por fim, tornam-se repetitivas e chatas.
Enviar um comentário