«Prefácio
Se a ofensiva contra-revolucionária do mês de Setembro de 1974 tivesse sido bem sucedida, teria culminado com a declaração do estado de sítio, os plenos poderes do general Spínola e a instauração de uma nova ditadura. A maior vaga repressiva de sempre teria abafado as forças democráticas e o MFA.
Tratou-se de uma grande e complexa operação desenvolvida nas mais variadas frentes. A reacção procurava provocar a deterioração da situação económica, política e social até um ponto em que se justificasse, como natural e «salvadora», a intervenção, apoiada em forças militares, do então Presidente da República.
Spínola polarizava as actividades das forças conservadoras e reaccionárias. O centro da contra-revolução estava em Belém.
O ataque à «incapacidade» do Governo, as calúnias e intrigas contra o MFA, a campanha anticomunista, os golpes contra-revolucionários em Angola e Moçambique, a agudização artificial de certos conflitos sociais cuja verdadeira intenção política era escondida aos trabalhadores, as tentativas de greves nos transportes, a multiplicação das provocações, a intervenção dos grandes grupos do capital oferecendo demagogicamente investimentos e postos de trabalho - constituiram linhas de ataque convergindo para a manifestação do 28 de Setembro, que deveria aparecer como a «exigência do povo» para que Spínola assumisse plenos poderes.
(...)»
28 de Setembro - A conspiração da "maioria silenciosa"
Edições Avante! (Lisboa, 1975)
Capa: José Araújo
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