quinta-feira, fevereiro 28, 2013

olhó IV Encontro Livreiro!


para mais informações ver o Isto Não Fica Assim!

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

25 de Novembro sem Máscara - Pinheiro de Azevedo

«Sei que muita gente irá classificar este livro como o depoimento de um «dissidente do MFA» ou como o depoimento de um desiludido com a «revolução dos cravos». Gostaria - e isso seria como a minha mais bela condecoração de militar - que este livro fosse simplesmente considerado como o depoimento de um patriota.

De um patriota que tudo tentou - bem ou mal, com mais ou menos sorte, porventura acreditando demasiado em pessoas que talvez não merecessem a confiança de homens de bem - mas de um patriota que tudo tentou para impedir, e depois ao menos minimizar, a destruição de Portugal como pátria livre.

Pertenci ao MFA e nessa qualidade fui membro da Junta de Salvação Nacional, presidindo mais tarde ao VI Governo Provisório. Muitos portugueses pensarão que terei participado de longa data nos actos conspiratórios, nas decisões ou acordos secretos que levaram ao levantamento militar do 25 de Abril de 1974. Nada menos correcto. É importante que neste testemunho - grave e sério, de alerta ao povo do meu País - todos os detalhes, por mais insignificantes, correspondam rigorosamente à verdade dos factos.»
págs.11-12
 
 
25 de Novembro sem Máscara
Pinheiro de Azevedo
Editorial Intervenção
Braga, 1979

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Ventilan


sexta-feira, fevereiro 15, 2013

quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Antologia - Sophia de Mello Breyner Andresen

«APOLO MUSAGETA

Eras o primeiro dia inteiro e puro
Banhando os horizontes de louvor.

Eras o espírito a falar em cada linha
Eras a madrugada em flor
Entre a brisa marinha.
Eras uma vela bebendo o vento dos espaços
Eras o gesto luminoso de dois braços
Abertos sem limite.
Eras a pureza e a força do mar
Eras o conhecimento pelo amor.

Sonho e presença
Duma vida florindo
Possuída e suspensa.

Eras a medida suprema, o cânon eterno
Erguido, puro, perfeito e harmonioso
No coração da vida e para além da vida
No coração dos ritmos secretos.»

Antologia (2ª edição aumentada)
Sophia de Mello Breyner Andresen
Moraes Editores (Círculo de Poesia)
Lisboa, 1970

Letrinhas de Cantigas - António Lobo Antunes

«Ao Vitorino, para quem estas letrinhas
foram escritas, quase todas em toalhas de
papel de restaurante»

«CORO DAS AMAS DO CARDEAL

Dar a teta a uma criança
ou dar a teta a um bispo
é como entrar numa dança
em que o corpo não descansa
porque o velho não amansa
e eu mais que a teta não dispo.

E se o bispo é cardeal
e o cardeal é regente?
Dar o peito não faz mal
dar o corpo é natural
pois quem manda em Portugal
mama na teta da gente.

Porém deitada na cama
não sou dele nem de ninguém.
Mesmo se o velho me chama
não me importo de ser ama
se quem a carne me mama
me rói os ossos também.»

Letrinhas de Cantigas
António Lobo Antunes
Publicações Dom Quixote
Outubro 2002

terça-feira, fevereiro 12, 2013

28 de Setembro, a conspiração da "maioria silenciosa" - Edições Avante!

«Prefácio

Se a ofensiva contra-revolucionária do mês de Setembro de 1974 tivesse sido bem sucedida, teria culminado com a declaração do estado de sítio, os plenos poderes do general Spínola e a instauração de uma nova ditadura. A maior vaga repressiva de sempre teria abafado as forças democráticas e o MFA.
Tratou-se de uma grande e complexa operação desenvolvida nas mais variadas frentes. A reacção procurava provocar a deterioração da situação económica, política e social até um ponto em que se justificasse, como natural e «salvadora», a intervenção, apoiada em forças militares, do então Presidente da República.
Spínola polarizava as actividades das forças conservadoras e reaccionárias. O centro da contra-revolução estava em Belém.
O ataque à «incapacidade» do Governo, as calúnias e intrigas contra o MFA, a campanha anticomunista, os golpes contra-revolucionários em Angola e Moçambique, a agudização artificial de certos conflitos sociais cuja verdadeira intenção política era escondida aos trabalhadores, as tentativas de greves nos transportes, a multiplicação das provocações, a intervenção dos grandes grupos do capital oferecendo demagogicamente investimentos e postos de trabalho - constituiram linhas de ataque convergindo para a manifestação do 28 de Setembro, que deveria aparecer como a «exigência do povo» para que Spínola assumisse plenos poderes.
(...)»

28 de Setembro - A conspiração da "maioria silenciosa"
Edições Avante! (Lisboa, 1975)
Capa: José Araújo

Situação africana e consciência nacional - Eduardo Lourenço

«Estas reflexões fazem parte de um ensaio escrito entre 1961 e 1963, e conservado inédito por motivos óbvios, dedicado ao problema do colonialismo português.

Prólogo

Dada a gravidade, a persistência e a amplitude da questão posta à Nação inteira pelos acontecimentos africanos que a concernem, poder-se-ia crer, com algum fundamento, que os portugueses, ao menos os mais responsáveis, a tivessem convertido em sério e doloroso caso de consciência. Com espanto, ou sem ele, honesto é verificar que tal não sucedeu. Os motivos profundos desta singular ausência de interesse pelo que de tão perto parece tocar-nos são menos misteriosos do que se supõe. É propósito deste ensaio esclarecê-los, na medida em que o seu autor o puder. Convém, todavia, liminarmente, refutar a comum e fácil hipótese de atribuir o extenso e fundo desinteresse nacional pelo problema africano na sua totalidade, unicamente às circunstâncias históricas e políticas determinadas por um Regime como o nosso.
Com lógica profunda, segundo os seus interesses vitais, o Regime, ao apresentar as dificuldades africanas como exteriores, fazia já o máximo que lhe era possível para que elas se não convertessem para a Nação em «caso de consciência». Tudo o que se passa em África, segundo a sua óptica impecável, é da ordem do acidental, do provisório. A Nação é obrigada a ocupar-se do «caso», mas ele não lhe diz respeito senão como obra e acção de forças exteriores a ela. Que o Regime tenha empregado todos os esforços para «neutralizar» um generalizado e profundo exame da nossa «situação africana» é inegável. Mas, sem esquecer os poderes de que a máquina estatal dispõe, o seu sucesso objectivo sobre este ponto excede em muito os êxitos que habitualmente alcança nos domínios da doutrinação ideológica e política. (...)»

Situação africana e consciência nacional
(Cadernos Critério nº2)
Eduardo Lourenço
Publicações Génese (Agosto 1976)