quinta-feira, janeiro 24, 2013

A Imprensa Portuguesa (1974-2010) - João Figueira

«Daí para cá o país mudou muito e a imprensa portuguesa também: modernizou-se, os jornalistas são hoje mais bem preparados - apesar da crescente precariedade profissional -, as empresas estão integradas em grandes grupos de comunicação e os orgãos em papel, que resistiram à rádio e à tv, estão agora a soçobrar face ao poder avassalador e global da Net. No curto período de pouco mais de três décadas, o exercício do jornalismo e as formas de relacionamento com os públicos alterou-se profundamente. As empresas e os seus profissionais enfrentam hoje a maior revolução da história da informação jornalística.»
págs.8-9

«Claro que a afirmação deste jornalismo especializado, cuja importância está bem patente no alargamento dos temas de Economia e Negócios à maioria da imprensa generalista e à criação de espaços próprios na rádio e na televisão, suscita algumas perguntas e críticas. Desde logo, a quase total ausência de tratamento das questões sindicais e laborais, como se elas fossem alheias aos mundos da Economia e empresarial. E quando são objecto de atenção noticiosa, a perspectiva de abordagem, por regra, é a do empresário e das grandes instituiçõe financeiras e não a do assalariado. Em segundo lugar permanece por resolver uma questão que tem tanto de complexa como de inultrapassável: as principais fontes da informação económica são as mesmas das notícias que, por sua vez, são também os anunciantes mais importantes dessa mesma imprensa.»
pág.91

«Este é, de resto, um dos problemas graves do jornalismo desportivo, que hoje dá como certa uma transferência, no dia seguinte fala de outra e nem sequer corrige ou explica ao leitor por que é que a manchete da véspera, afinal, estava errada ou se verificou que não era verdadeira. Ao contrário da imprensa generalista, a desportiva usa exageradamente a informação sem referência a qualquer fonte, o que a fragiliza em termos de credibilidade. Apesar disso, e porque o futebol tem, na realidade, uma presença e protagonismo ímpares, aliada à dimensão emocional que o alimenta, os seus níveis de circulação e audiência continuam estáveis, não obstante a crise que afecta a imprensa.»
pág.93

O Essencial sobre a Imprensa Portuguesa (1974-2010)
João Figueira
Angelus Novus (Outubro 2012)
ISBN: 9789728827854

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