segunda-feira, novembro 21, 2005

José Cardoso Pires, nos livros e à conversa

Porque terminei há pouco a leitura de O Delfim, aqui ficam algumas pistas para entrar no caminho de José Cardoso Pires.

«Toda a nostalgia, toda a melancolia, todos os chavões normalmente associados ao povo português se encontram no romance, quer no período referente à ditadura, quer no relato do 25 de Abril e na euforia anárquica pós-revolução. Por retratar magistralmente estes três períodos, de uma forma leve mas acutilante, revelando os traços comuns da alma portuguesa, vale a pena ler este romance.»
escreve pns sobre Alexandra Alpha no Citador


«Muito para além das considerações ideológicas está o homem. José Cardoso Pires sempre assumiu, de forma transparente e simples, a existência sob a forma da descontracção e da autenticidade. Por esse motivo, terminamos esta breve nótula de homenagem com Cardoso Pires visto por Cardoso Pires, num excerto do auto-retrato Fumar ao espelho:

"Aos cinquenta anos dei por mim a fumar ao espelho e a perguntar E agora, José. Fumar ao espelho, qualquer José sabe isso, é confrontarmo-nos com o nosso rosto mais quotidiano e mais pensado. (...) Aqui tens, José, o homem que te interroga. Que te fuma e te duvida. Que te acredita. E com esta me despeço, adeus, até outro dia, e que a terra nos seja leve por muitos anos e bons neste lugar e nesta companhia. Pá, apaga-me essas rugas. Riscam o espelho, não vês ?"»
escreve Luís Miguel Oliveira de Barros Cardoso, em José Cardoso Pires: Um Delfim da Escrita Dialéctica e Transparente


«Esta sua "Lisboa" é uma geografia sentimental de sítios. Pelos quais, curiosamente, a sua vida não passa. É por pudor?

Talvez. Mas no meu livro "A Cavalo no Diabo" falo nisso: na Almirante Reis, nos imperadores do Chile, nos bailes, na Lisboa nocturna, a minha vida. Neste livro quis fazer outra coisa: uma espécie de levantamento que desse, com toda a sinceridade, o modo como sinto Lisboa. E é aí que o livro me parece muito diferente da Lisboa convencional do Tejo que é bonito, etc. Há ainda muitas coisas que faltam e que espero trabalhar numa próxima edição: a sintaxe lisboeta. Está abordada, mas não aprofundada. E os cheiros...»
o próprio, sobre Lisboa, Livro de Bordo



Esta 3ª feira, 22 de Novembro, traz-se de novo à conversa a obra de José Cardoso Pires, na livraria Almedina do Atrium Saldanha, em Lisboa. A partir das 18h30, realiza-se uma tertúlia sobre a obra deste autor português, 80 anos depois do seu nascimento, com a presença dos professores Petar Petrov, Eunice Cabral e Maria Lúcia Lepecki, e de todos aqueles que nela queiram participar.

Boas leituras, boas conversas :)

Sem comentários: