...e também não é por roubar um pássaro ou um livro, que logo dá aos amigos, que o Alba tem as mãos sujas. chartapaciu@gmail.com
quinta-feira, novembro 15, 2007
quinta-feira, outubro 11, 2007
quarta-feira, outubro 10, 2007
quinta-feira, setembro 06, 2007
Zapping: Clube de Leitura
«"1984" é um livro que se lê com um sentimento de inquietação crescente à medida que vamos avançando nas páginas. Exemplar magistral de um género literário denominado de "distopia" (ver http://en.wikipedia.org/wiki/Dystopian para umas luzes sobre o assunto), o livro tem sido abordado e comentado desde a altura em que foi escrito e mantém uma actualidade notável.
É absolutamente impossível não nos identificarmos com Winston, funcionário do partido comum que tem por função a reescrita da História, que gradualmente vai tomando consciência da opressão e falta de liberdade que permeia a sua vida. Partindo de um primeiro exercício de liberdade individual, simbolizado pela compra de um pequeno caderno onde começa a escrever o seu diário, o encontro com o amor (Julia) lança-o numa espiral de acontecimentos que o leva desde uma série de atitudes e comportamentos subversivos até ao momento em que finalmente é capturado pela polícia do pensamento e inicia um longo processo de reeducação com vista à sua reinserção na sociedade vigente.
É um livro que nos deixa a pensar sobre nós próprios e sobre qual o modelo de sociedade que queremos. Estaremos de facto pronto a abandonarmos uma série de liberdades individuais de modo a ganhar uma pseudo-tranquilidade na nossa vida normal? As estratégias e políticas securitárias que têm pela base o medo de um agente externo ameaçador acabam por levar, em última instância, a movimentos de repressão dentro das próprias sociedades ditas livres justificados pressupostamente por esse receio generalizado. É bastante mais fácil fazer passar certas políticas de controlo social em ambientes desfavoráveis e em cenários de crise, sem que haja uma resposta ou contestação social que impeça esses avanços. Basta lembrar o modo como certas ditaduras chegaram e se instalaram no poder.
"1984" deixa uma grande inquietação no futuro e abala a confiança na benignidade do Homem, mas desperta igualmente e saímos desta leitura mais alertas e, arrisco dizer, melhor preparados para as perturbações futuras que por aí vêm.»
por Nunovsky
quarta-feira, agosto 15, 2007
segunda-feira, agosto 06, 2007
Do Crítico Literário - Diário do Admirador de Lombadas...
Há quanto tempo já não leio um livro? A literatura inteira perdeu-se no tédio das minhas horas. Folheio as páginas, admiro os títulos, aprecio as capas. Tudo o mais me passa ao lado como ao homem casto é indiferente o desejo. A livraria é para mim um Museu. Entro, contente por ser domingo e eu não pagar a entrada - curiosamente é sempre domingo quando entro em livrarias. Contemplo as peças postas e tenho sempre cuidado para não lhes mexer. Se estão de frente penso: «Que capa bonita!», mesmo que o não ache. Porque não compreendo aquela arte, mas se alí está exposta é porque uma autoridade a entendeu e eu respeito sempre a autoridade. Se estão por ordem, na sua prateleira, percebo que estão catalogados, e que o modo correcto de estarem é exactamente assim como estão. E mesmo não alcançando a intenção do autor e o critério que o expositor escolheu, considero, um pouco mais alto, para que à minha volta me ouçam e tudo pareça bem: «Que rica lombada! Que ordem! Que perfeição! O artista estava embrenhado de rigor estético!» E, considerado isto, vou-me embora, agradecendo muito a tolerância e o cuidado aos curadores do Museu.
É também assim que faço com a vida...
sexta-feira, julho 06, 2007
quinta-feira, maio 31, 2007
quarta-feira, maio 30, 2007
Zapping: Desmancha-Prazeres
domingo, maio 27, 2007
as casas e o SR.V
O Sr.V gostava de casas como gostava de livros. "na verdade" dizia ele "casas e livros são exactamente a mesma coisa."As janelas são as lombadas e aquilo que se consegue espreitar, por entre os cortinados, o primeiro parágrafo de um capítulo.Se as primeiras frases nos entusiasmam, fechamos o livro e abrimos os olhos.Começamos a imaginar quem vive lá dentro sem nunca sair da cabeça do autor."
"Nem a literatura é só literatura!Tudo é psique!" escreveu o Sr. V, acrescentando logo de seguida:nota 1: relacionar, em ocasião posterior, a palavra psique e a palavra psiché - esse móvel intimo de senhora que faz tanto tempo que não vejo impresso numa página e que fica bem em qualquer habitação distinta" e voltou a fechar o caderno, olhos postos nas chaminés e nas antenas.
"Gosto tanto de janelas iluminadas como de prateleiras arrumadas. Uma pessoa com bom ouvido topa logo, pela arrumação que se vê assim do lado de fora, o tipo de conversas que se tem lá dentro"
"AH! " soltou. "Os livros nas prateleiras são todos bons vizinhos. Hmm, isto das vizinhanças explica porque é que não me gusta a ordem alfabética adoptada nas livrarias. Sei bem que uns autores devem ficar juntinhos a outros, seja qual for a letra de baptismo que lhes calhou em sorte. "
Deu mais uns passos, espreitou aquela varanda. "Um pe ni co numa varanda? Mas porquê? "
"Nem a literatura é só literatura!Tudo é psique!" escreveu o Sr. V, acrescentando logo de seguida:nota 1: relacionar, em ocasião posterior, a palavra psique e a palavra psiché - esse móvel intimo de senhora que faz tanto tempo que não vejo impresso numa página e que fica bem em qualquer habitação distinta" e voltou a fechar o caderno, olhos postos nas chaminés e nas antenas.
"Gosto tanto de janelas iluminadas como de prateleiras arrumadas. Uma pessoa com bom ouvido topa logo, pela arrumação que se vê assim do lado de fora, o tipo de conversas que se tem lá dentro"
"AH! " soltou. "Os livros nas prateleiras são todos bons vizinhos. Hmm, isto das vizinhanças explica porque é que não me gusta a ordem alfabética adoptada nas livrarias. Sei bem que uns autores devem ficar juntinhos a outros, seja qual for a letra de baptismo que lhes calhou em sorte. "
Deu mais uns passos, espreitou aquela varanda. "Um pe ni co numa varanda? Mas porquê? "
segunda-feira, abril 23, 2007
Hoje é Dia Mundial do Livro
«Celebra-se no próximo dia 23 de Abril, Segunda-feira, mais um Dia Mundial do Livro. Para assinalar esta data a Assírio & Alvim convida-o a visitar a sua livraria na Rua Passos Manuel onde, ao longo de todo o dia, poderá adquirir qualquer livro com 50% de desconto*. Histórias de amor, aventuras, rumores de guerra e de paixão, poesia. Leia um livro e dê asas à sua imaginação. Com preços assim, só não o fará se não quiser!
Livraria Assírio & Alvim; Rua Passos Manuel, 67-B, 1150-258 Lisboa. Telefone: 21 358 3030. Horário: das 10h às 13h e das 14h às 19h.
* Promoção válida apenas para livros com mais de 18 meses de publicação, ao abrigo da lei do preço fixo. Esta promoção não é válida para a Feira de Livros Manuseados.»
Livraria Assírio & Alvim; Rua Passos Manuel, 67-B, 1150-258 Lisboa. Telefone: 21 358 3030. Horário: das 10h às 13h e das 14h às 19h.
* Promoção válida apenas para livros com mais de 18 meses de publicação, ao abrigo da lei do preço fixo. Esta promoção não é válida para a Feira de Livros Manuseados.»
domingo, abril 15, 2007
Reminiscências: Curta Consideração sobre Drummond:
Carlos Drummond de Andrade é tido como o grande poeta brasileiro, o Fernando Pessoa do Brasil. Como muito da literatura brasileira, eu tenho-o como um poeta menor. Ele escreveu textos lindíssimos. Isto é inegável. «Segredo» é dos melhores poemas que já alguma vez lí. Tem frases de uma beleza incomparável. Era um homem sensível de certo talento. Mas não façam dele o gigante que não é. «No meio do caminho tinha uma pedra… etc.,» tem uma única frase poética:
"nunca esquecerei esse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas…"
Este é o poema. A pedra e o caminho repetidos ad nauseam são traços pessoais válidos, mas erros da literatura. O poema, porém, que o é a custo, tornou-se um marco na Poesia Lusófona, seja lá isso o que fôr. Mas o que motivou o poema da pedra? O que obrigou Drummond a essa interminável repetição? Que espécie de desespero não literário (e o desespero é, por norma, literário – a literatura sempre apreciou uma boa tragédia) assolou o poeta ocasional que era Drummond, de modo a que ele arruinasse as duas linhas supra-citadas com um simples calhau repousado num qualquer percurso?
É evidente que o caminho era a vida do poeta e o calhau em questão um obstáculo intransponível ou uma tragédia pessoal, naquele momento, inultrapassável ou com a qual o sujeito poético (como é do agrado das academias) não se conformava. Mas vingar-se no leitor inocente para lhe impôr de modo tão cru o calhau da sua dôr pessoal, não será demasiado egoísta, mesmo por parte de um autor aclamado?
De acordo com certas interpretações, a pedra no meio do caminho confunde-se, de algum modo, com o Destino, tendo este, por sua vez, ditado a morte de um filho de Drummond. Ora, quem acredita no Destino, afirma que, nessa inevitabilidade entediante, há um propósito superior inquestionável e interrompível, com um sentido demasiado grande para a limitada compreensão humana. Como é porém possível que, 2000 anos depois da barbárie das civilizações que nos precederam, continue a haver quem entenda ser justificável, de acordo com uma visão superior, o sacrifício de Isac? Não será consolação demasiado cobarde para o espírito atormentado pela dôr pessoal?
Eu que não acredito no Destino, que digo que a vida não é um caminho mas uma partida de xadrês e que sou eu que movimento as minhas peças em direção ao derradeiro xeque-mate (e com quem jogo senão comigo mesmo? Sim, estou condenado a vencer-me mas esse é o prazer do jogo e só assim ele se torna possível), eu sinto, inexplicável e paradoxalmente, embrenhada, entre tantas certezas, esta confusão tão característica de mim mesmo: de que lado estou quando jogo as peças? Como lidar com as minhas escolhas na esquizofrenia das minhas personalidades? Quando o acaso ou o erro me torturam, e os desgostos se acumulam sobre o corpo, como viver tudo isso? Como recuperar a peça perdida, ou, na linguagem de Drummond, como passar além da pedra que nos impede ou nos espanta o caminho? A pergunta é uma incógnita a que só a circunstância particular do que se vive poderá responder. Porque nenhuma realidade, nenhum problema é passível a generalizações. É por querer generalizar as suas soluções que o homem falha a resposta a todos os seus problemas. E se, por hipótese, eu falhar a reparação do erro? Errar ao corrigir um erro já cometido, não será o cúmulo da incapacidade? E quantas vezes falhamos a correcção anterior! A nossa vida é então uma sequência de jogadas ou de passos em falso. Assim, no meu tabuleiro de xadrês, a derrota é garantida para qualquer um dos lados do tabuleiro, e no caminho de Drummond haverá sempre uma pedra a impedir a passagem, que se multiplica noutras pedras suas iguais e se hiperboliza numa pedra maior até se tornar num rochedo intransponível. Que força de Homem, interior ou exterior, pode derrubar um rochedo? Onde está o mito de Hercules nessas horas? É neste momento de contemplação da derrota que eu tenho pena das minhas limitações de mortal e, consequentemente, de mim mesmo. E, por força dessas desilusões, vou-me tornando cada vez mais insensível.
Julgo então que foi neste espírito de crescente insensibilidade, que eu encarei, Drummond, a revelação de ser, a pedra que assombrou o teu caminho, o teu filho nado-morto. Também aqui tive pena. Mas não me parece que fosse essa a tua vontade. Nem tampouco a minha. A minha pena por ti não te consola nem me torna a mim em alguém melhor. Pelo contrário. Tu tornas-te ridículo e patético e eu torno-me vil por te dar a entender, por meio da minha pena, que sou melhor do que tu. Assim, eu passo a ser a pedra no meio do teu caminho, e tu a assombração permanente da minha própria derrota. Tu com o teu rochedo intransponível, eu com a ameaça constante de um mate que não desejo.
O maior inconveniente da dôr é termos de vivê-la contra a nossa vontade. O Destino dá a ilusão de um desígnio. O meu egoísmo dá-lhe a ilusão de uma escolha. O melhor seria ignorares a tua pedra e eu ignorar o meu jogo, esquecer as suas regras, ignorar que o Rei pode ser posto em cheque e perder o jogo.
É esta, creio eu, a prova de que não existe um Destino: Se ignorarmos todas as regras por que, normalmente, se regem as coisas, podemos criar um Universo paralelo em que somos nós que decidimos o resultado dos dados: O Deus que nos tornaremos passará a brincar às probabilidades por saber de antemão o resultado. É nessa quebra que reside a verdadeira poesia.
Quando deixáste de falar directamente da pedra para dizeres que não te esquecerias dela, foi quando efectivamente te esqueceste dela e a tua escrita respirou como um poema. Depois o nome da pedra voltou para amordaçar a poesia.
Não existe pedra, não existe caminho, tu passas por todo o lado. E eu não vivo em nenhum tabuleiro, não sei o que é um Rei, uma torre é um bloco de cimento onde as princesas sobem para apreciar a paisagem, tudo é fácil e belo, o dicionário de línguas não contempla o que poderia ter sido a palavra: xadrês… Este é o poema.
"nunca esquecerei esse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas…"
Este é o poema. A pedra e o caminho repetidos ad nauseam são traços pessoais válidos, mas erros da literatura. O poema, porém, que o é a custo, tornou-se um marco na Poesia Lusófona, seja lá isso o que fôr. Mas o que motivou o poema da pedra? O que obrigou Drummond a essa interminável repetição? Que espécie de desespero não literário (e o desespero é, por norma, literário – a literatura sempre apreciou uma boa tragédia) assolou o poeta ocasional que era Drummond, de modo a que ele arruinasse as duas linhas supra-citadas com um simples calhau repousado num qualquer percurso?
É evidente que o caminho era a vida do poeta e o calhau em questão um obstáculo intransponível ou uma tragédia pessoal, naquele momento, inultrapassável ou com a qual o sujeito poético (como é do agrado das academias) não se conformava. Mas vingar-se no leitor inocente para lhe impôr de modo tão cru o calhau da sua dôr pessoal, não será demasiado egoísta, mesmo por parte de um autor aclamado?
De acordo com certas interpretações, a pedra no meio do caminho confunde-se, de algum modo, com o Destino, tendo este, por sua vez, ditado a morte de um filho de Drummond. Ora, quem acredita no Destino, afirma que, nessa inevitabilidade entediante, há um propósito superior inquestionável e interrompível, com um sentido demasiado grande para a limitada compreensão humana. Como é porém possível que, 2000 anos depois da barbárie das civilizações que nos precederam, continue a haver quem entenda ser justificável, de acordo com uma visão superior, o sacrifício de Isac? Não será consolação demasiado cobarde para o espírito atormentado pela dôr pessoal?
Eu que não acredito no Destino, que digo que a vida não é um caminho mas uma partida de xadrês e que sou eu que movimento as minhas peças em direção ao derradeiro xeque-mate (e com quem jogo senão comigo mesmo? Sim, estou condenado a vencer-me mas esse é o prazer do jogo e só assim ele se torna possível), eu sinto, inexplicável e paradoxalmente, embrenhada, entre tantas certezas, esta confusão tão característica de mim mesmo: de que lado estou quando jogo as peças? Como lidar com as minhas escolhas na esquizofrenia das minhas personalidades? Quando o acaso ou o erro me torturam, e os desgostos se acumulam sobre o corpo, como viver tudo isso? Como recuperar a peça perdida, ou, na linguagem de Drummond, como passar além da pedra que nos impede ou nos espanta o caminho? A pergunta é uma incógnita a que só a circunstância particular do que se vive poderá responder. Porque nenhuma realidade, nenhum problema é passível a generalizações. É por querer generalizar as suas soluções que o homem falha a resposta a todos os seus problemas. E se, por hipótese, eu falhar a reparação do erro? Errar ao corrigir um erro já cometido, não será o cúmulo da incapacidade? E quantas vezes falhamos a correcção anterior! A nossa vida é então uma sequência de jogadas ou de passos em falso. Assim, no meu tabuleiro de xadrês, a derrota é garantida para qualquer um dos lados do tabuleiro, e no caminho de Drummond haverá sempre uma pedra a impedir a passagem, que se multiplica noutras pedras suas iguais e se hiperboliza numa pedra maior até se tornar num rochedo intransponível. Que força de Homem, interior ou exterior, pode derrubar um rochedo? Onde está o mito de Hercules nessas horas? É neste momento de contemplação da derrota que eu tenho pena das minhas limitações de mortal e, consequentemente, de mim mesmo. E, por força dessas desilusões, vou-me tornando cada vez mais insensível.
Julgo então que foi neste espírito de crescente insensibilidade, que eu encarei, Drummond, a revelação de ser, a pedra que assombrou o teu caminho, o teu filho nado-morto. Também aqui tive pena. Mas não me parece que fosse essa a tua vontade. Nem tampouco a minha. A minha pena por ti não te consola nem me torna a mim em alguém melhor. Pelo contrário. Tu tornas-te ridículo e patético e eu torno-me vil por te dar a entender, por meio da minha pena, que sou melhor do que tu. Assim, eu passo a ser a pedra no meio do teu caminho, e tu a assombração permanente da minha própria derrota. Tu com o teu rochedo intransponível, eu com a ameaça constante de um mate que não desejo.
O maior inconveniente da dôr é termos de vivê-la contra a nossa vontade. O Destino dá a ilusão de um desígnio. O meu egoísmo dá-lhe a ilusão de uma escolha. O melhor seria ignorares a tua pedra e eu ignorar o meu jogo, esquecer as suas regras, ignorar que o Rei pode ser posto em cheque e perder o jogo.
É esta, creio eu, a prova de que não existe um Destino: Se ignorarmos todas as regras por que, normalmente, se regem as coisas, podemos criar um Universo paralelo em que somos nós que decidimos o resultado dos dados: O Deus que nos tornaremos passará a brincar às probabilidades por saber de antemão o resultado. É nessa quebra que reside a verdadeira poesia.
Quando deixáste de falar directamente da pedra para dizeres que não te esquecerias dela, foi quando efectivamente te esqueceste dela e a tua escrita respirou como um poema. Depois o nome da pedra voltou para amordaçar a poesia.
Não existe pedra, não existe caminho, tu passas por todo o lado. E eu não vivo em nenhum tabuleiro, não sei o que é um Rei, uma torre é um bloco de cimento onde as princesas sobem para apreciar a paisagem, tudo é fácil e belo, o dicionário de línguas não contempla o que poderia ter sido a palavra: xadrês… Este é o poema.
(Lisboa, 29/11/99)
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
Zapping: cadernos - amf
«Íamos de férias e deixávamos a casa sozinha. Lembro-me de pensar no que faria sem nós. Havia quem voltasse para dizer adeus uma última vez. Mas a casa igual. De qualquer forma despedíamo-nos para que se lembrasse e dizíamos não deixe a nossa casa sozinha mãe, o nosso quarto, diga adeus, despeça-se, despeça-se depressa antes que se esqueça.»
por amf
sábado, janeiro 06, 2007
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Zapping: A a Z
Na penumbra da sala, um candeeiro
ocupa o centro do teu mundo.
Lês a vida pelo livro que seguras
na mão, aberto na mesma página.
Pelos vidros da janela, um resto de azul
esvai-se com a noite que chega.
Mas não vês o mundo, lá fora,
nem ouves nada do que se passa.
As flores murcharam na jarra,
o sofá continua vazio.
E lês a mesma página de sempre,
para que também a tua vida não mude.
por Nuno Júdice
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