"- (...) Ao princípio trabalhava com planos muito detalhados e agora não. Agora é a mão que faz o livro. Por exemplo, para escrever aquelas crónicas de jornal, quando me sento não sei o que vou escrever, escrevo a primeira palavra e depois as palavras geram-se umas às outras. Ao princípio sim, fazia planos e esquemas, tinha de ter uma ideia, e agora não.
- O que mudou?
- Não tinha ainda percebido que o livro é uma entidade independente de si e que tem as suas leis próprias e que é um organismo vivo, não depende de um acto voluntário seu. É qualquer coisa que nasce de uma zona que não sabe se é sua, se é de outra pessoa, de quem é, e que não lhe pertence. Isto por um lado também é bom porque elimina toda a vaidade que possa existir."
entrevista de Paula Macedo, foto de João Barata, em A Capital, de 04/11/04
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