«É engraçado ver quantas pequenas coisas ficam emaranhadas naquela rede de ternura subjacente a todos os casamentos, até mesmo nos piores: não são só as flores, os campos e a lua, tão luminosa que faz parar o coração; é também tirar os pontos negros das costas da pessoa que se ama, estar sentado na sanita enquanto ele escova os dentes, assistirmos a um filme pornográfico juntos: isto era algo que eu e o Julian fazíamos de forma compulsiva, tal como tudo o que fazíamos. Tinham passado pouco menos de nove meses desde o seu suicídio e eu descobria agora que rever os filmes pornográficos que tínhamos visto juntos na nossa cama de Nova Iorque aliviava a dor da sua intensa e inflamada não-presença.»
pág.133, "Arkansas" (Asa, 1999), de David Leavitt
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