Devo confessar que após a leitura da trilogia Alexandre, o Grande, custou-me acreditar que o mesmo autor conseguisse atingir um grau de envolvência tão superior entre a obra e os seus leitores, como acontece agora com o seu último romance, O Império dos Dragões.
Será de todo fundamental e prioritário que se tome noção que este romance é uma viagem que levará o leitor da Anatólia até à China, levando como companhia primária o grande protagonista que é Metelo, Marco Metelo Áquila, legado da Segunda Legião Augusta.
A narrativa transporta-nos para um período que ficará conhecido na História como “Anarquia Militar” (235-268), mas mais precisamente para o ano 260, na cidade de Edessa, na Anatólia, cidade que se vê na iminência de ser invadida pelos Persas. Devo fazer referência ao leitor que esta cidade não é o único foco de grande perigo para o Império Romano, já que mesmo a própria “Itália” se encontra por várias vezes em risco de ser invadida por outros grandes e portentosos inimigos Romanos, os Germanos, chegando estes a penetrar territórios tão distantes como a Grécia ou os Balcãs. Esta terrível situação levará mesmo o Imperador Valeriano (253-260) a dividir o Império entre si e o seu filho Galieno, como forma de melhorar a estabilidade administrativa assim como a eficácia militar do Império. Valeriano, Imperador Romano, aceita encontrar-se às portas da Cidade de Edessa, com Sapor I, Rei dos Persas, com o intuito de ser encontrada a paz: no entanto, este suposto encontro não é mais do que uma armadilha, que levará ao cativeiro Valeriano, assim como os seus homens, sendo de realçar o comandante Metelo.
Este cativeiro será o ponto de partida de todas as aventuras, tensões e confrontos, que farão do leitor mais um companheiro de viagem de Marco Metelo, dos seus Centuriões Quadrato e Balbo, do Optio Antonino Salustio, assim como dos sete Legionários Emílio, Septímo, Luciano, Públio, Rufo, Severo e Marciano. Viagem esta que nos mostrará a intensidade dos combates em que somos transportados por Manfredi para o palco principal, fruto da sua intensidade narrativa, assim como criativa arte pictórica de paisagens e tensões bélicas.
O Império dos Dragões oferece ao leitor uma viagem mais longínqua que a do próprio Alexandre, levando cada um dos participantes destas páginas, a uma viagem entre as planícies canículas dos desertos Persas, passando pelas florestas da Índia, montanhas gélidas dos Himalaias, até ao incompreensível coração da China.
texto de Paulo M.
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