Após vários anos arredado da literatura policial, que me acompanhou muitas vezes em longínquos outroras, eis que retorno ao género pela porta maior: Dennis Lehane.
Na feira do livro, com a chancela e a simpatia habituais da Difel/Gótica, adquiri dois livros escritos por este senhor: Shutter Island e Mystic River (Ganda filme!!!!!)
Tendo, quase por completo, "desaprendido" a ler mistérios intrincados, fiz umas viagens... acidentadas, literalmente... de comboio, e passei os olhos por Shutter Island. Acho que posso garantir que, ultimamente, poucos livros me agarraram logo pelos colarinhos desde o início. E quem me conhece diz que não sou moço de pouca leitura... Pois bem, livro devorado até à medula! Com paisagens deslumbrantes como pano de fundo. Mesmo assim, olhinhos e atenção presas ao livro.
As personagens são todas muito fortes, não se nota uma vacilação de coesão em qualquer uma delas, tornam-se rapidamente "reais". E sente-se o livro com todos os sentidos.
A história é inteligente, as pistas são inteligentes (no final do livro lá surgirá a proverbial pancadinha na testa: "Como é que eu não tinha percebido???". É que faz sentido!! Mesmo!!), e Lehane um verdadeiro escritor. Noto que a riqueza textual, verbal e metafórica é igualmente bastante elevada, não se limitando este livro a ser mais uma boa trama policial enredada em frases feitas e dejá-vus literários. Não é mesmo. Trata-se de um livro que é absolutamente capaz de captar os leitores menos atentos a este género de literatura.
Quanto a Mystic River... mesmo depois de se ter visto o filme, ou precisamente por causa disso, o enredo faz todo o sentido. Percebem-se as motivações mais profundas de Jimmy, Sean e Dave, bem como de todos os outros. As pistas indicam uma direcção lógica, e as derivações que surgem são igualmente muito lógicas e altamente prováveis. Novamente, personagens literárias excelentes.
A ler avidamente. Ambos e o resto da obra do autor, que já se encontra na minha lista de "os a seguir".
Uma falha apenas a apontar, e já recorrente: a tradução. Nada se traduz literalmente, e apesar de o exemplo destes livros não ser dos piores, nota-se que, de vez em quando, é necessário imaginar como estaria escrito o original. Não borra a pintura, mas deixa umas dedadas...
P.S. As minhas leituras de policiais da meninice e adolescência foram Sir Arthur Conan Doyle, Agatha Christie, Ellmore Leonard e James Ellroy. Não pretendo fazer nenhuma comparação, especialmente com o primeiro destes autores, mas sinto que estamos perante um futuro autor de culto do género: o rapaz nem 40 anos tem!
Até breve. Boas leituras e um óptimo Verão!!!
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